26.7.05

avós, os meus

Por culpa de muita coisa que, no fundo, não é culpa de ninguém, a minha relação com os meus avós foi pouco profunda. Falo dos avós paternos porque os outro morreram antes que podesse haver relação alguma. Ainda assim há coisas que me vão ficar para sempre na memória.

Trás-os-Montes e a viagem de combóio até lá. O malão azul onde a mãe punha as nossas roupas. O cheiro a terra. As mãos enfiadas no feijão. A loja dele que vendia de tudo. As batatas esmagadas no molho da carne. As refeições a horas. A burra que ela levava, muito antes de nós acordarmos. As terras. A bicicleta dele. O poço. O pão feito por ela. O buraco no chão da casa de banho. A mangueira que era chuveiro. O terraço. Os estores corridos para fazer sombra nas tardes sempre muito quentes.

1 comentário:

AnaBond disse...

tens mais memórias que eu.

avó materna conheci pouco. o que soube (e não foi tudo) através da minha mãe fez com que nunca tivesse pena de não a ter conhecido.
avô materno conheci... lembro-me. não me queria lembrar muito. não falava, e eu tinha medo dele (trombose à conta do álcool).
avô paterno, talvez gostasse de o conhecer... faleceu tinha o meu pai 12 anos.
avó materna... conheci e à 3 ou 4 anos atrás faleceu... nunca foi pessoa que quisesse cativar os netos. morreu com a convicção que os netos não queriam saber dela (quando foi ela que nunca quis saber deles).

por isso sempre disse que queria ser avó e que os meus netos (korror, ainda agora fui mãe) me amassem e me adorassem... espero um dia conseguir atingir esse patamar.

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