26.7.05

o avô, do pai

Já o conheci um homem velho. Na primeira vez que o vi, era Inverno, estava sentado à lareira. Mas não ficava lá todo o dia. Saía para ir tratar das terras e lá passava os dias. Vinha para as refeições. Primeiro rezava, depois comia. Para beber, um copo de vinho. Gostava de doces e não se fazia rogado. Arroz doce e gelado, pois então! Quando a minha mãe foi conhecer a aldeia foi ele, já com mais de 90 anos, que a levou a ver as terras, as suas terras. Escolhia os melhores caminhos para que ela e eu, que os acompanhava, não nos sujassemos ou não caíssemos. Para ele qualquer um servia. Conhecia a Biblia e gostava de nos falar dela. A televisão pouco lhe dizia e o rádio era sempre ligado à hora do terço. Vou-me lembrar para sempre da sua devoção, da sua entrega, da forma como vivia a fé. O B. foi o seu primeiro bisneto e foi para nós uma alegria imensa que os dois se tivessem conhecido. Gostava de rir e de contar estórias. Daquelas que se passavam no tempo dele.

Era o mais velho da aldeia e era respeitado por todos. Não só pela idade mas pelo exemplo de vida. A casa estava sempre cheia de gente que vinha para o ver. Não eram apenas os filhos, os netos, mas aqueles primos que já quase não o são mas que o serão sempre. Vinha gente que ficou marcada pela sua forma de viver e pela sua grandeza e foram muitos. Será sempre uma parte querida das nossas vidas.

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