8.6.06

Mãejinha!

Por norma deixo-o brincar livremente. Gosto de o ver vencer obstáculos e “obrigo-o” a tentar antes de lhe dar a mão. Acho que faz parte. Se cai dou-lhe tempo para se levantar sozinho. Há dias esmurrou os joelhos e as feridas davam-lhe um ar divertido de rapazolas! Tentar é uma das melhor partes da vida, em tudo e para todos.

Mas...

Desde que os dias ficaram maiores que costumamos ir ao parque infantil que fica bem perto da escolinha dele. Ele gosta e eu gosto de o ver gostar! Num deste últimos dias dei por mim empoleirada num dos brinquedos tentando salvá-lo já que ele, inconsciente das suas limitações, se enfiava por um pneu abaixo... Lá em cima senti-me ridícula. Eu era enorme e cá em baixo havia olhos e sorrisos estupefactos. Peguei nele e fugi jurando só lá voltar daqui a dois ou três anos...

Já em casa revi a cena (ainda a sentir-me ridícula). Se ele se tem enfiado nos pneus que fazem um túnel até ao chão eu estaria cá em baixo a ampará-lo e mesmo que ele caísse com toda a certeza a queda não seria grande e nem as consequências graves! Mas no momento assustei-me e pronto!

Acredito que o driblar destes dois lados da vida faz parte do ser pai e mãe. Ninguém manda os filhos para a guerra para que se façam homens fortes mas também não os fechamos em casa para que nada de mal lhes aconteça. Dar vida a alguém é permitir que ele exista seja ele. Isto sim é um desafio para toda a vida...


Este ser um mãe/pai moderna/o leva-nos, muitas vezes, a por de lado os conselhos e as práticas das nossas mães, pais, sogras, sogros, tios, avós... porque não leram os livros do Brazelton, porque não têm internet e porque não lêem os blogs das outras mães/pais modernas como nós. Vê-se nas inscrições que fazemos em cursos de preparação para o parto e melhor ainda quando lhes chamam cursos de preparação para a maternidade ou para o nascimento (há-os hoje para todos os gostos). Curso que nos ensinam a dar banhos, a por fraldas, a dar de mamar, a fazer papas. Coisas que as nossas mães aprenderam com as mães delas. Não perdemos uma reunião de pais e fazemos delas espaços de encontro alguns com direito a lanchinho e tudo. Falamos imenso deles, dos nossos e atropelamo-nos em perguntas e respostas. Assinamos, lemos e guardamos religiosamente a “Pais&Filhos”. Bebemos todas as palavras do pediatra e precisamos dos tais percentis para saber que tudo vai bem e que não falhámos em nada.

Mas...

Cada vez mais acredito que somos os primeiros a sofrer as consequências desta modernidade. Não se trata de querer a vida perfeita. Nem tão pouco evitaria a maternidade para fugir a estas pressões e estes dramas. Acredito que muitas vezes os psicólogos, pediatras, pedagogos teorizam coisas que não são compatíveis com a teoria. Hoje dizem-nos que não lhes podemos gritar, que não lhes podemos puxar as orelhas. Dizem-nos que “não” quando na verdade quantas vezes do que eles mais precisam é de um “não”. O meu filho anda na creche desde os 5 meses e eu não me sinto culpada por isso. Eu trabalho, o meu marido trabalha, a minha mãe trabalha, a minha sogra trabalha, o meu sogro trabalha... a vida é assim mesmo e eu não ia deixar de o ter. Egoísmo meu? Não acredito e recuso-me (luto por recusar) aceitar complexos de culpas que não são minhas!!

(tentei organizar as ideias mas não sei se consegui)

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