sai já da minha cama!

O meu despertador toca todos os dias às 6.20. Não digo isto para me queixar de ser muito cedo. É a hora que é e, sinceramente, não é o que mais me custa. Custa-me, dói-me mesmo os dias e são muitos, para não dizer todos, em que ele entra pela cama a dentro antes do relógio tocar. Tudo seria quase normal e até de certa forma um conforto de emoções e carinho e ele viesse de mansinho e se enroscasse em nós e ali ficasse. Mas não! Ele vem para chatear e mesmo que essa não seja a sua intenção é isso que acontece. Tinha tudo para dar certo estes acordares a três, mas não dá. É o dedo no meu cabelo naquilo que devia ser um cafoné mas que para mim é uma espécie de tortura porque os puxa e acaba sempre por arrancar algum. Uma dor fininha e irritante para quem tenta sentir ainda o sabor da cama. Depois é o mexe e remexe das pernas e braços que não param quitas e fala, o que este miúdo fala quando ainda nem 6.20 são! Depois quer água, depois quer destapar-se, depois, sei lá, há sempre qualquer coisa!! Ontem, o nosso dia começou com um cenário destes. Tudo isto, sem exageros. Quando dei por mim estava irritada e zangada e nem sei se o despertador entretanto tocou, mas acho que sim! Atirei-o cama fora (alguém chame a segurança social, por favor) e ele chorou e houve gritaria e entretanto já não era só um nem dois, mas três sendo que o mais velho nem tempo teve de dizer uma palavra que eu já disparava com gritos para todos os lados. Fechei-me na casa de banho e desejei ter filhos que dormissem (contentava-me com uma ronha) só mais meia hora, eu só queria mais meia hora!! O resto da manhã não foi melhor e aí acho que já era eu a fazer birra. Hoje escrevo com alguma leveza mas este seria um texto bem mais dramático que eu tivesse um pouco mais de jeito sobre as dores da maternidade e de como as mães (esta, pelos menos) falham naquilo em que devem ser melhores, a paciência!