26.1.12

crónicas do desemprego (1)

No dia 22 de Dezembro fiquei desempregada. Quer dizer, assinei os papéis de um contracto onde aceitei que acabava ali o meu percurso profissional naquela empresa e esta, por sua vez, assumiu com a assinatura do seu responsável não ter tido capacidade para ver o que era visível aos olhos de muita gente.

No dia 26 de Dezembro, faz portanto hoje um mês, entrei pela primeira vez num centro de emprego. Munida de paciência para esperar e acompanhada do meu filho mais novo que nesse dia, por total coincidência, não foi à escola, lá fui recebida num gabinete por uma senhora muito simpática. Explicou-me tudo direitinho o que fazer e não fazer enquanto preenchia a minha ficha de inscrição nesse clube cada vez menos restrito e mais aleatório. Explicou-me que tinha de me apresentar de 15 em 15 dias na Junta de Freguesia e reservo para a próxima crónica o quanto estas a presentações são fantásticas! Explicou-me ainda que tinha de dar provas de “procura activa de trabalho” e isso é “só enviar o curriculum não interessa o que é, tem é que os enviar”. Ok, mensagem recebida, siga!

Faz portanto hoje um mês e ainda não me sai direito o termo “desempregada”. Porque raio temos nós a mania de falar de trabalho em situações de lazer ou, pior, porque raio é que o trabalho nos define como característica quando conhecemos alguém. Nunca me tinha apercebido disto porque nunca antes tinha passado por esta situação.

A minha vida mudou, naturalmente, bastante e em muitos aspectos tenho de dizer que mudou para melhor. Não, calma, não passo os dias no café! Como tenho três filhos com 7, 4 e 1 (quase, quase 2) é fácil manter-me ocupada. Ora é o almoço, ora o jantar, máquinas e roupas e o diabo a quatro. Conheci, como já se vê, as agruras e doçuras da vida doméstica. Os miúdos, esses, lucraram imenso. Embora o mais velho se sinta injustiçado porque sai de casa mais ou menos à mesma hora. Mas na verdade também ele acorda agora mais tarde. Todos regressam a casa bem mais cedo e no geral reduziu o número de birras porque essas, está provado, são inversamente proporcionais à paciência dos pais.

Não vejo o meu desemprego como uma fatalidade mas antes como uma grande oportunidade, uma oportunidade de mudança. Mudar o modo de estar no mercado de trabalho e de viver a própria profissão. Não sei o que vai acontecer nos próximos tempos e vou tentando pensar positivo e avançar com algumas iniciativas. Estou, sem dúvida, a viver uma grande lição de vida e o desafio é ser capaz de dar a volta ao texto!

5 comentários:

Unknown disse...

Tem de ser esse o espírito! :)

Anónimo disse...

Gostei de te ler assim, embora o "desemprego" me assuste imenso... mas acredito q em muito se ganha... força!

Mae Frenética disse...

Márcia, tu és uma optimista. Vai correr tudo bem ctgo. Um beijo grande

AnaPCarvalho disse...

Es Fantastica!

Anónimo disse...

Um abraço apertadinho.

Não é fácil, 1º aproveitamos tanta disponibilidade, mas depois o tempo passa e começa a moer...

Tenho a certeza q vais dar a volta antes disso acontecer. Beijo!

Zuza

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