11.4.12

mãe, ó mãe...

Pedem-me para enviar uma foto minha a acompanhar um texto que escrevi para a newsletter de uma Instituição com a qual colaboro. Vai daí começo a procurar nas pastas e subpastas com datas e nomes desde 2004 até hoje. Parece impossível não ter encontrado uma foto minha, só eu, mais ninguém! Lembro-me do “emplastro” e descubro que vivo com três e não tinha dado conta disso. Tive de tirar uma com o telemóvel.

Não é que sinta que tenha perdido a minha identidade, mas, definitivamente, a maternidade recria-nos! A partir da primeira ecografia deixamos de ser o "eu" e o "tu" e passa a existir um “nós”. Ainda olhamos incrédulos para os dois risquinhos e para a imagem de um feijão de sete milímetros. Estranhamos ainda o som avassalador do coração do ser que temos dentro e já deixámos de ser quem éramos para sermos “o pai” e a “mãe”. Quem?! Com o tempo a coisa entra-nos no ouvido e lá nos vamos habituando desejosos de o ouvir da boca deles. O “papá” e a “mamã” acaba por surgir nas suas mais variadas formas. Há quem se habitue de tal forma que deixam mesmo de ser o “marido” e a “mulher” para serem sempre e em todas as circunstâncias o “pai” e a “mãe”.

Eles lá crescem e nós sempre a olhar para trás quando ouvimos gritar “mãe”, “pai”. Na praia, parques, centros comerciais ou seja lá onde for acabamos sempre por olhar para o filho que não é o nosso. Típico! No médico, escola, hospitais, ginásticas e natação somos sempre a “mãe” e o “pai”. Para os amigos dos nossos filhos é o mesmo mas a esses acho graça:

ó mãe do B. pode dar-me um copo de água?!
Podes chamar-me Márcia!
...
Mas eles não conseguem, é escusado! É de tal forma que depois de oito anos a ir e vir todos os dias (salvo férias e febres, naturalmente) ao Infantário dos miúdos me soa estranho quando as educadoras mais antigas me chamam pelo meu nome próprio. Ao inicio parece esquisito depois, sabe-me tão bem!

A verdade é que por muito que a maternidade seja a minha prioridade e tenha alterado feliz e irremediavelmente a minha forma de ser, sinto que começo a recuperar a propriedade sobre o meu nome próprio.

1 comentário:

Anónimo disse...

:))))

me too. mas tb me encanta o encanto que as amigas das minhas filhas têm por mim. Lá está, pq não são elas q levam com os gritos ;)))

Zuza Maria

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