4.5.12

crónica do desemprego (3)

No próximo dia 20 de Maio, assinala-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Este ano Bento XVI escolheu para tema o “Silêncio”. É engraçado como mais do que em qualquer outro ano, este ano, estando de fora, é o que mais me toca esta celebração. O “silêncio”! Na sua mensagem Bento XVI fala da necessidade de a Igreja encontrar o equilíbrio entre palavras, sons e imagens para que o silêncio possa ser valorizado enquanto comunicação.

Para mim este tem sido um tempo de silêncio! Primeiro porque me foi calada a possibilidade de reportar. Foi-me calada a minha responsabilidade de levar para o mundo o viver, o sentir, o recear, o esperar daqueles com quem contactava. Tudo aquilo que era o meu compromisso e o meu viver, enquanto jornalista. Não sei quando, como ou se o voltarei a fazer e vou digerindo esse silêncio. Mas, há outros silêncios.

O tempo passado em casa é em silêncio, por exemplo. Não tenho muita cultura musical, uma falha é verdade, por isso, não tenho por hábito ter música a tocar enquanto estou em casa. Além disso não gosto de ter a televisão ligada “só para fazer barulho” como é costume ouvir dizer a algumas pessoas. É engraçado como somos todos diferentes… a mim este “barulho” aumenta-me a sensação de solidão. Acho que é um bocadinho sobre isto que fala Bento XVI ao propor este tema para este dia. O barulho sem conteúdo revela as nossas fraquezas, expõem-nos a um vazio que pode ser assustador. Eu falo sozinha. Mas também escrevo e com isso vou ajudando os outros com as minhas palavras e procurando povoar o meu silêncio com coisas boas para mim e para os outros.

Batalhando contra o silêncio que é isolamento e descontentamento descobri um outro que é tranquilidade e paz de espírito. O tal silêncio que é também discernimento: “Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório”, escreve o Papa.

O difícil é perceber onde está a fronteira. 

1 comentário:

Anónimo disse...

Dá que pensar... em silêncio!

Não sabia que eras jornalista, é uma pena teres ficado desempregada, escreves tão bem :(

jokas

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