Quando se tem um bebé
em casa a pergunta é inevitável. Então se o bebé é uma MR, sossegada em tudo e
em todos os momentos, a pergunta parece que ganha um novo sentido, quase
macabro, como que a dizer “não podem ter sorte em tudo, vá, digam a verdade.” A
verdade é esta e é verdade de todos os bebés: as noites são boas, mas, também, às vezes são más. É os dentes, é
a tosse, é sei lá que outra fase arranjamos para nos distrairmos do quanto é
difícil sair da cama à uma da manhã, ou às duas ou às cinco. A verdade é que
custa sempre e que não vai passar nem daqui a uns meses nem daqui a uns anos. O
B. no alto da sua “a-doze-escência” ainda há dias gritou o seu tão infantil e
doce “mamã”, porque estava mal disposto, eram não sei quantas horas que nem me
dei ao trabalho de ver. É assim e pronto!
Mas já que falamos das noites tenho de dizer que não é tanto o
acordar que me custa, (até porque muitas vezes nem chego a acordar, é o pai
quem lá vai), o que me custa mesmo é o vaivém e a expectativa do “ficou?”. O
que me custa é o momento “dor”. Acho que todos nós pais o conhecemos, é o
momento em que os deixamos tranquilos na cama deles e tudo parece indicar que
já adormeceram, mas sabemos que nem sempre é assim e, por isso, ficamos mais um
bocadinho e eles não mexem, “ficou”, pensamos, “agora ficou mesmo” e ainda
damos mais uns segundos, mas já lá vamos de manso retomar o ponto em que
largamos o sono. Regressamos à nossa cama, ainda um pouco desconfiados e, por
isso, vamos devagar para lhes dar tempo, “se tiver que acordar que seja agora”,
não acordou, “ficou”, pensamos, “ficou mesmo”, e enfiamo-nos de novo na cama e
retomamos o sabor aos lençóis mornos, e ainda levantamos a orelha felizes por
não ouvir nada, “ficou, ficou mesmo” e permitimo-nos relaxar e já estamos mesmo
lá, no ponto em que ficou o sono, quando o ouvimos… quase que dói no corpo…
queremos ignorar, foi só um barulho, mas não, voltou a acordar e voltamos a
sair da cama, e está frio, e temos sono e este é o aquele momento, o momento “dor”,
aquele em que a minha maternidade se desconstrói.
Depois há episódios que no dia
seguinte até dão para rir, como quando nos atropelamos para chegar à
bebé, um ignorando que o outro se levantou ou quando, sonâmbulos, chocamos de frente um já a voltar do quarto e
o outro ainda a arrastar-se para lá, ou, ainda, como no outro dia, em que me assustei e
dei um grito quando percebi que eu estava de um lado do berço e o pai estava do
outro, ou quando entrei no quarto da bebé, meti a chucha, ela dormiu e eu não
conseguia encontrar a porta de saída do quarto… enfim, boa noite!!
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